O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) denunciou três criminosos que invadiram o sistema interno do Departamento de Trânsito (Detran-DF) para liberar multas ou pendências de mais de 600 veículos, enquanto cobravam valores de proprietários interessados.
Juarez Carvalho Costa Junior, Francisco Bruno de Sousa da Costa e a companheira dele, Larissa Alves da Silva, irão responder por associação criminosa e pelas 692 vezes que invadir o sistema sem autorização.
Segundo a denúncia, as investigações demonstraram que Francisco Bruno foi responsável pela invasão do sistema de Gestão de Trânsito (Getran), entre maio de 2019 e janeiro de 2020, e promoveu, em conjunto com Larissa Alves, o cancelamento indevido de 612 multas de trânsito e o desbloqueio de 80 restrições judiciais.
Já o terceiro denunciado, Juarez Carvalho, era responsável por fazer a intermediação do casal com clientes que desejavam os serviços de cancelamento das infrações.
Os hackers se aproveitaram da vulnerabilidade do sistema Getran e conseguiram cancelar multas e retirar restrições judiciais e administrativas.
De acordo com as investigações, isso gerou prejuízo de, pelo menos, R$ 1,3 milhão aos cofres públicos ao permitir o licenciamento e a transferência de propriedade de veículos com pendências.
Esquema de cancelamento ilegal
Os clientes entravam em contato com o despachante Avelar Alves Filho, já falecido, que era o responsável pela captação de interessados nos serviços ilícitos de cancelamento de multas ou desbloqueio de restrições.
Ele entrava em contato com Juarez, que negociava os valores com Francisco Bruno e Larissa, que realizavam a invasão no sistema do Getran.
Por sua vez, Cláudio Rodrigues de Queiroz, servidor cedido ao Detran-DF, também já falecido, era o responsável por verificar dados dos veículos no sistema, antes e depois das fraudes, a pedido de Avelar, com o objetivo de atestar o cancelamento irregular das multas.
Além desses, participou ainda do esquema criminoso Bruno Uriel Sampaio dos Santos, já falecido, que confessou que cobrava dos usuários 50% do valor devido em multas e repassava 45% àqueles que realizavam os procedimentos.