O número de autuações registrado nos oito primeiros meses de 2022 cresceu quase 50% no DF em relação ao mesmo período de 2019, ano em que também não havia medidas restritivas em razão da pandemia da covid-19
O número de motoristas alcoolizados flagrados ao volante vem aumentando no Distrito Federal, o que coloca vidas em perigo e acende um alerta. De janeiro a agosto de 2022, foram 22.491 autuações — um aumento de 46,79% em relação ao mesmo período de 2019, quando foram registradas 15.322 ocorrências e, a exemplo deste ano, não havia medidas restritivas devido à pandemia da covid-19. Os dados reúnem informações do Departamento de Trânsito (Detran-DF), do Departamento de Estradas de Rodagem (DER) e da Polícia Militar (PMDF).
O coordenador de Trânsito da Região Metropolitana do Detran-DF, Luiz Carlos Souto, admite que o cenário configura “um caso crítico de risco à segurança viária”. Ele atribui o crescimento ao fim das medidas restritivas adotadas durante o período crítico da covid-19. “A pandemia interferiu bastante na rotina das pessoas nos últimos dois anos. A vida tem, aos poucos, voltado ao normal. Os bares estão reabrindo e os eventos estão voltando. Há uma euforia da população em virtude do fim do isolamento e as pessoas acabam esquecendo de algumas proibições”, pontua. Prova disso, segundo o coordenador, é que, no início da pandemia, em 2020, na contramão do crescimento dos casos, houve uma diminuição do número de flagrantes com relação a 2019. Foram 11.925 em 2020 e 15.322 no ano anterior.
Souto também atribui o fenômeno ao aumento da frota de carros e de condutores habilitados no DF, embora as estatísticas apresentadas sejam bem menos significativas — 6,11% e e 2,51%, respectivamente, se comparados os oito primeiros meses de 2022 com os anos inteiros de 2019 e de 2020. O coordenador adianta que o foco do Detran, neste momento, é a conscientização. “Além das campanhas educativas em bares e restaurantes, estamos atuando também na escolas, para trabalhar o entendimento da população sobre segurança no trânsito desde a infância”, informa.
Perigo
Na avaliação do professor David Duarte de Lima, presidente do Instituto Brasileiro de Segurança no Trânsito (IST), se a fiscalização fosse mais efetiva, o número de motoristas autuados sob o efeito de álcool seria muito maior. “Para cada condutor flagrado, existem centenas que bebem, dirigem e não são pegos. Ser pego em uma blitz é como ganhar na loteria ao contrário. Os motoristas hoje em dia têm praticamente certeza da impunidade”, analisa.
Com informações: Correio Braziliense
Foto: Detran-DF