A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) prendeu dois hackers acusados de roubar dados bancários e informações pessoais de mais de 200 milhões de pessoas em todo o país. As prisões ocorreram durante uma operação deflagrada na manhã desta terça-feira (20), para investigar o vazamento e a comercialização de dados sigilosos por meio de fraudes na internet.
Eles são acusados dos seguintes crimes: divulgação de segredo, invasão de dispositivo informático, organização criminosa e lavagem de dinheiro. As penas somadas ultrapassam os 20 anos de reclusão.
Batizada de Operação RockYou2023, a operação da 9ª DP visa cumprir mandados de prisão temporária, busca e apreensão, bloqueio de contas bancárias e criptomoedas contra os envolvidos no esquema criminoso.
Os investigadores também cumprem mandados em Ceilândia, no DF, e Rio Verde, no GO; locais sede do takedown de website e takeover de servidores. Segundo a polícia, o objetivo das ações é o de desarticular o grupo criminoso responsável pela venda de informações sigilosas de brasileiros via internet.
De acordo com as apurações, os dados coletados eram utilizados para uma infinidade de fraudes eletrônicas, elaboração de dossiês contra autoridades públicas e violação da intimidade dos cidadãos.
“Esses golpes são de diversos tipos, sendo os mais conhecidos: o golpe do PIX, do motoboy, da mão invisível, da falsa central de segurança do banco, do falso sequestro e golpe da portabilidade do consignado”, destaca o delegado da 9ª DP, Erick Sallum.
Conforme apurado, esses dados estavam sendo comercializados na internet (darket) por meio da compra de acesso aos chamados painéis de consulta e venda de dados.
“Por meio da plataforma, foi possível constatar que cerca de 200 milhões de dados pessoais sigilosos de brasileiros estavam expostos, inclusive, fotos, assinaturas digitais, veículos, registros de armas e outras informações”, afirma o delegado.
De acordo com a PCDF, das dezenas de inquéritos policiais instaurados na 9ª DP, havia sempre um ponto em comum: as vítimas eram enganadas justamente porque os golpistas, nas ligações telefônicas, tinham detalhes da vida privada e dados pessoais delas, o que fazia que essas pessoas realmente acreditassem na veracidade da interlocução.
Segundo Sallum, o que mais intrigou os investigadores foi a capacidade de os golpistas obterem os dados sigilosos separados por idade, classe social e endereço; além de celulares de parentes, histórico de vida e nome completo das vítimas com agilidade e riqueza de detalhes, até mesmo difícil de se obter por parte dos órgãos de segurança pública.